Dia 06/03/00 - Theron

Theron:

É madrugada... perto das 2 da manhã pelo relógio no fim da esquina. O vento frio bate em seu rosto, do alto de um dos conjuntos de apartamentos populares, e a iluminação da praça ajuda muito pouco na patrulha. Felizmente, a área vazia da cidade não contribui muito em abafar os soms. Mesmo os gritos interrompidos podem ser ouvidos a quarteirões lá de cima, com os prédios pixados ampliando a acústica do local.

O vento bate com mais força, gelado, enquanto você voa. A mudança estica ainda mais a manta suja que você tem usado de proteção contra o frio, quase ao ponto de rasgá-la. Por sorte você se lembra de retirar o capuz antes que o tecido ceda. Chega ao alto de um prédio, e uma cena comum lá embaixo. Quatro homens, uma mulher, e o cheiro de bebida quase ofuscado pela podridão que vem do beco. Lidar com aquela escória tem sido muito mais gratificante que a primeira semana. Descer suavemente e ir contra muito que você aprendeu não.

A luta é um exercício de paciência. Afastar dois homens com os punhos em riste e alguma velocidade nunca foi difícil, mas agora a probabilidade de ter que juntar pedaços limita muito a força. O terceiro com a faca é só segurar o braço e colocar em uma posição pouco natural. O homem lambendo o pescoço da mulher chorosa custa um simples arremesso contra a parede, o som de uma ou duas costelas partindo parecendo mais reconfortante do que deveria ser. Alguns passos e o único que ainda não havia desmaiado não é mais um problema.

A mulher tem traços bonitos, e pele levemente negra. Um corpo bonito também, dentro de um uniforme apertado de alguma das lojas do bairro. Anteriormente, você poderia até levá-la para casa e dizer algo reconfortante, mas a corrida desesperada te poupa o esforço. Ela logo some na curva do beco, em uma velocidade que algumas pessoas tem a sorte de nunca precisarem descobrir.

Virando-se para os marginais, você começa a revistá-los um a um, mas dessa vez não procura por armas e não dispõe de algemas para levá-los a uma autoridade agradecida. A bolsa da mulher continua lá, e cai diante do prédio dela, 3 quarteirões depois, quando esta não sabia como iria abrir a porta. Ela entra, confusa. Talvez um bom banho e alguns dias tentando sair mais cedo do trabalho a tranquilizem. Com certeza 20 dólares não a ajudariam tanto nesse momento.


Alguns minutos nos ares e você encontra um prédio abandonado. Um quarto sujo te espera, com a manta sendo a única coisa para se recostar além do chão e das paredes. Nenhum espelho a vista, te dando a sorte de não precisar olhar a barba tomando seu rosto desconfortavelmente. Não tanta sorte para barrar o cheiro, mas pode-se procurar algum lugar para o banho depois. A mulher tinha um rosto fácil de guardar, mas por mais comum que fosse, seria difícil esquecê-lo. Já era o quinto rosto gravado na sua memória até que você pudesse fazer aquilo do jeito certo.

O sonho de como um salvamento seria em casa mescla alívio e castigo.[i]

Theron - Passagem do dia 06 para 07/03/00:


Após uma manhã difícil, você consegue comprar comida, achar um lugar com gente paciente o bastante para tomar um banho e se barbear. Infelizmente o dinheiro que estava nas roupas desapareceu no meio tempo, mas nada que uma descrição e um vôo rápido não resolvesse. O dia se arrasta enquanto você faz essas atividades, e logo que as luzes vão embora você inicia a patrulha.

Após horas de patrulha, mais um grito rasga a noite.
Mais forte que os usuais.

Você logo voa até a fonte do grito, e encontra uma mulher estática olhando para escombros de um muro. Olhando para o lado oposto...

Algo, de forma negra e sólida, parece pegar algo em meio aos escombros e se vira para a mulher... ele avança em direção a ela, imponente. Logo ela desfalece no chão, e a criatura continua...

A criatura se arrasta para fora das sombras. No braço direito, bem junta ao corpo encurvado, uma bolsa com a alça pendendo. No braço direito, sendo segurado firme pelo pé, o corpo de um homem, que pela posição dos braços e cabeça dificilmente está vivo, e não tem muito tempo no caso de ter sobrevivido milagrosamente à fera.

O ser para diante de você, e todo seu corpo negro tremula após ouvir o que você falou. Ele o avalia e para por alguns segundos a visão em seus punhos, possivelmente tentando mensurar suas habilidades de combate. O peso do ar parece aumentar junto com o do seu corpo, e cada segundo da avaliação se arrasta sem pressa... Seja o que for que você vá fazer, velocidade e firmeza tem que estar envolvidos, caso você queira dar alguma chance de vida para o pobre cidadão preso pela fera.


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O beco continua frio e quieto, e você gasta alguns minutos olhando a bolsa da mulher, vigiando-a com a visão periférica no caso de ela acordar.

Os segundos se arrastam e formam minutos, enquanto a bolsa completamente desorganizada não te permite encontrar facilmente alguma identificação ou dinheiro no meio de todo tipo de parafernália de utilidade questionável. Cartões telefônicos, produtos de beleza, dinheiro... ok, metade encontrada. Você pega a nota amassada e enfia no bolso, voltando a vasculhar a bolsa em busca de um documento ou conta que...


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-AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!

A bolsa cai aos seus pés, enquanto o garoto corre de você como alguém que viu o demônio. Algumas luzes nas imediações se acendem, mas você não pode ver gente nas janelas. A regularidade de assaltos do local e a banalização podem ter te ajudado agora, ou não.

O menino sai em disparada pela rua, e você se lembra de um posto policial naquela direção. Talvez ele queira se refugiar lá, talvez somente se distanciar.

Você olha a bolsa e a mulher no chão, e só agora nota manchas de sangue do bandido na lateral do seu uniforme. Mais algumas luzes se acendem, e o menino dobra a rua.

Seu coração disparado te impede de processar o silêncio que se segue segundos após ele virar a esquina...

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-AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!



-AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!

*Olha para a mulher, para a bolsa e... para o sangue*

-AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!

-ÓTIMO!

*Correndo, arruma a mulher encostada na parede e a bolsa em cima de seu colo. Theron levanta vôo (e agradece MUITO por saber voar nessas horas) até algum prédio próximo e deita no terraço, escondido, ficando de olho na mulher até a polícia chegar. Enquanto isso, tenta lembrar de outros movimentos meta-humanos que possa ter ouvido falar para entrar em contato*

Por instinto, você corre mais de um quarteirão, só se lembrando da sua habilidade segundos depois. Ganhando os céus rapidamente, você para em um prédio distante, ouvindo as sirenes de polícia ao longe. Após alguns segundos, você se lembra das manchas de sangue, e o peso ao se mover te lembra que ainda está usando a sua proteção. Logo a rua acalma novamente, sem mais barulho.


Você para pra reparar o prédio em subiu, que é um tanto estranho. Visivelmente abandonado, com a tinta da parte de cima descascando e a porta que dá acesso pra baixo "lacrada", com duas tábuas podres e quebradas. E, sabe deus lá porque, todo pichado na parte de cima. Ou melhor, grafitado. Muitos desenhos na parede, de caveiras, mulheres e todo tipo de obra de rua. Com uma técnica bonita, até. Na porta lacrada, você nota o desenho de um bicho de pelucia, segurando uma casinha com o rosto feliz. WOW! Um som de sirene curto te faz olhar pra rua novamente, no susto. Denovo você olha o desenho bobo, os olhos abertos do personagem parecendo te oferecer a casa nas mãos.


Limpando o suor do rosto, você se deixa respirar um pouco, a tensão se esvaindo aos poucos. É, um bocado de barulho pra uma só noite...

Minutos sem nenhum barulho atestam que não vão dar batidas na região, como se a polícia realmente tivesse voz nesse canto. Você pode arriscar voar para algum lugar ou ficar nesse prédio mesmo, com exceção das pinturas bizarras parece que tem décadas desde que alguém colocou os pés nele...

http://cutucacultura.files.wordpress.com/2006/10/grafite013.jpg
http://scientificillustration.files.wordpress.com/2007/08/clarinha-tinta-da-china-crosshatching.jpg
http://mattshouse.files.wordpress.com/2008/06/1424grafite1.jpg
http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/desenhos-para-colorir-personagens-das-historias-infantis/imagens/tigrao-1.gif

(Alguns pelas paredes da entrada para o prédio, a maioria pelo chão mesmo)

Descendo pelo prédio com a iluminação que a lua provê ao local, você anda tateando as paredes em busca dos apartamentos, e logo entra em alguns, iluminados pelas janelas com tábuas quebradas e várias frestas de luz que se juntam para tentar tornar a sua passagem possível. Testando os interruptores a mostra nas paredes e as torneiras, infelizmente nenhum deles parece ter luz ou água. E em pelo menos algum lugar de cada cômodo abandonado você pode reconhecer um grafite de algo, recoberto pelas camadas de sujeira.

De repente, você para a inspeção, atiçando os ouvidos para um zumbido que parece vir bem de longe, chegando abafado pelo corredor. O zumbido aumenta e logo cessa.

Indo até o corredor para identificar o que houve, você se depara com um ser, bloqueando a saída do apartamento. Um crânio o está encarando, brandindo algo que a escuridão não te permite discernir... um cabo longo com a ponta oculta pela porta, talvez uma foice.

Antes que se dê conta, você está com os punhos cerrados e a armadura fechando-se sobre o rosto, os olhos fixos na criatura.


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