Dia 20/03/00 - Capris e Katherine

O tempo está bom no aeroporto internacional Daniel Beckhart, e mais um dos diversos aviões acaba de pousar na pista plana.

Saindo dele, Katherine vai ao setor de desembarque, e pode ver uma garota com a placa "Capris" esperando e olhando para um casal de senhores idosos enquanto aperta os olhos para ver melhor.

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*Capris fita o relógio do celular incessantemente, o pé coberto por um sapato muito bem escolhido tocando o chão ritmadamente tentando controlar a impaciência. Impaciência, Capris? Que inferno de criança mimada você está se deixando virar? A própria mente lhe puxa a orelha, e ela volta a olhar as pessoas que descem do avião, torcendo para que sua protegida não seja uma velha que tem que andar a passos lerdos... Pensamento que a faz praguejar mentalmente contra si mesma de novo.*

Assim que decola em Moscow, Katherine cai no sono, embalada pelo ruído estranhamente reconfortante emitido pelo motor do avião. Após o pouso em território estadunidense, Katherine espera a saída dos passageiros, evitando o tumulto tradicional na saída do avião. Depois, desce as escadas, sentindo no rosto a acentuada diferença do clima local em relação ao cruel inverno russo.

Dentro do transporte que atravessa a pista em direção ao saguão do aeroporto, a cientista observa com uma expressão desinteressada um container ser descarregado e apropriadamente transportado para a área destinada às cargas.

Alguns minutos depois, Katherine é uma das últimas passageiras a chegar no saguão destinado à saída do seu vôo, empurrando o carrinho com a bagagem. Após procurar a moça com os olhos (e encontrá-la com certa facilidade), a cientista caminha em direção à ela.

- Srta. Capris? Sou Katherine Romanov. - ela se apresenta num inglês sem sotaque e estende uma das mãos para cumprimentar a outra jovem.

*Capris fita a moça, incrédula. Ergue uma sombrancelha*

-... tão jovem? Devo dizer que tem um currículo MUITO impressionante, nesse caso, senhora... senhorita? Romanov.

*Ela diz isso apertando a mão dela. Capris tem um sotaque italiano, o qual ela nunca permitiu que fosse carregado, pra não atrapalhar a comunicação, mas ela o carrega com orgulho. Seus trejeitos também são bastante italianos, assim como o terno feminino que ela usa, de corte impecável.*

-Muito prazer, sim, sou Capris Franchetti... Seja bem vinda. Quer ajuda com isso? *Menciona as malas*

- Obrigada.

Os olhos de Katherine, de um tom cinzento gelado, denunciam apenas uma polida educação para com sua acompanhante, mas nenhum sinal de hostilidade. A jovem cientista se veste com discrição em cores escuras que acentuam sua palidez, apesar de não esconderem sua óbvia juventude. Ela aceita a ajuda da outra moça com as malas e segue os passos de Capris na direção da saída do aeroporto (ou aonde quer que elas estejam indo), observando silenciosamente o ambiente em volta de si.

*Capris a guia até o carro dela... No caminho, se Katherine for observadora, pode notar alguns traços na descendente de italianos. Primeiramente os traços fortes em toda ela - desenhos acentuados no rosto, curvas acentuadas no corpo. Há também o olhar dela, fixo e cheio de mistérios, embora um pouco... brincalhão? Como se a própria vida a empolgasse. Ela pergunta, antes mesmo de chegar ao carro*

-Então, onde devemos ir primeiro? Creio que deixar suas malas, certo? Soube que a senhorita ficará comigo, em meu apartamento... ao menos é o que me foi passado.

*Algumas curiosidades são bastante aparentes em Capris... Ela não tem nenhum trejeito de moça fútil - algo que poderia facilmente ser, levando em conta o preço que devem ter custado as roupas dela e o carro, já visível agora e que chama atenção, bastante impressionante. E contrariando as roupas que ela usa no momento, não parece ser viciada em trabalho, na verdade parece ser do tipo criativa, coisa que o próprio cabelo demonstra. E o modo que ela anda poderia facilmente arrancar suspiros. Ao chegar ao carro, ela abre a porta para Katherine, colocando as malas dela no porta-malas*

Katherine observa o movimento e as pessoas em volta de si, desacostumada a andar em locais movimentados sem um exército de seguranças cercando-a por todos os lados. Não esboça nenhuma reação ao carro de luxo ou à aparente riqueza da outra moça, mas ergue uma sobrancelha ao ouvir que ficará hospedada na casa de Capris. Aproveitando a deixa, ela faz uma pergunta.

- Podemos dar uma volta de carro pela cidade antes de ir para o seu apartamento? Faz algum tempo que não venho aos EUA.

Diferente de Capris, não é muito fácil deduzir alguma coisa da personalidade de Katherine à partir de sua aparência. Apesar de ser claramente introvertida, a moça esguia caminha com confiança o suficiente para eliminar qualquer suspeita de timidez. O rosto pálido de traços delicados e os cabelos escuros lhe dão a aparência de uma boneca de cera, mas os olhos inteligentes, ao contrário de desfocados, parecem muito concentrados, como se sorvessem conhecimento de tudo à sua volta.

*Capris sorri.*

-Claro. Alguma preferência por tipo de lugar?

*Ela liga o carro, já que de qualquer forma o primeiro passo é sair do aeroporto*

- Gostaria de saber um pouco mais sobre a cidade. Estamos no região do Hearvy Park, certo? Podemos explorar um pouco as redondezas, caso não seja um grande desvio do seu apartamento.

Katherine já tinha o mapa da cidade na memória e sabia que o aeroporto estava localizado na região do Hearvy Park, onde também havia uma universidade. Gostaria de explorar a cidade mais detalhadamente, principalmente a região onde a tal criatura havia aparecido, O Fosso, mas ainda não sabia a que ponto iriam as atribuições de Capris para acompanhá-la e não havia necessidade de causar suspeitas.

Ela entra no carro e observa as ruas passando pela janela, mas com os ouvidos atentos para qualquer informação sobre a cidade que a moça exótica possa falar.

http://sidekicks.adoforum.net/preludios-f3/new-portrane-t32.htm#441

-Estamos perto do Park, fica nesse mesmo bairro. Eu moro logo na divisa com Oak Bay, pra não gastar muito tempo pra chegar à faculdade...

*Capris dirige com um zelo natural. O carro, além de seu queridinho, parece uma extensão dos braços dela. Ela dá voltas pelas áreas do parque, com calma, pois gosta muito dali. Principalmente da parte litorânea. Também passa pela faculdade, e fica prestando atenção no que parece ser mais do gosto de Katherine, coisa que fará Capris diminuir ainda mais a velocidade ou mesmo parar o carro*

Katherine observa silenciosamente a cidade pelo vidro do carro. A idéia de uma universidade localizada em meio a um parque arborizado lhe parece agradável e ela faz uma anotação mental para pesquisar acerca da qualidade dos cursos de graduação e pós da universidade, embora seja provável que ela inicie o curso como aluna e termine como professora.

Isso, claro, depois de resolver tudo o que veio fazer na América.

Ela se mexe na poltrona, levemente incomodada. O espaço para as pernas parece ser pequeno para a jovem de 1,80m e ela desliza a cadeira para trás antes de falar.

- Ouvi que New Portrane enfrenta altas taxas de criminalidade; o que me parece estranho, levando em conta o quanto a prefeitura parece cuidar bem da cidade, pelo que vi até agora...

*Capris ri*

-Creio que a polícia não queira perder membros à toa... A "criminalidade" aqui já está muito bem estabelecida pra ser combatida. Além disso, muitos fazem até bem pra economia da cidade.

*Ela sorri, calma*

-Fora que você não viu a parte ruim da cidade... Coisa que não aconselho. Tem lugares que não é nem a prefeitura que cuida... E é claro, quanto à polícia, muitos querem só ganhar o seu... Quem pagar mais... *Capris deixa o comentário no ar, já que provavelmente Katherine pode deduzir o resto*

Ela assente, sem alterar a expressão no rosto sério e concentrado.

- Entendo.

- ...creio que não. Podemos ir.

Quando soube que viria para os Estados Unidos para finalmente dar fim ao jogo que já durava três anos, Katherine pensou que se sentiria mais ansiosa ou insegura. Entretanto, a cientista apenas sentia uma determinação de quem está decidida a alcançar seus objetivos e um certo alívio de finalmente estar ao alcance do que lutou durante todo esse tempo. E não tinha pressa. Sabia que agora era a vez de esperar a jogada do adversário para que ela pudesse calcular seus próximos passos.

*Capris aquiesce e continua dirigindo, em direção ao apartamento, atravessando as belas paisagens de Hearvy Park e indo em direção à segurança de Oak Bay*

-Não vou invadir sua privacidade perguntando sobre seus negocios aqui, mas... preciso saber ao menos que tipo de lugar vamos e com que tipo de gente vamos lidar, pra planejar os melhores meios de te proteger.

Katherine olha para Capris por um longo momento, lembrando-se de um trecho do bilhete que recebera há um mês, sobre a importância vital que a outra moça teria na missão. Se isso fosse verdade, Capris precisaria saber de algumas coisas, se é que já não estava informada. A aparência e o sotaque da moça gritavam máfia italiana, e a "famiglia" costumava se informar bem sobre tudo que acontecia nos seus domínios.

- Diga-me, a srta. está informada sobre os últimos acontecimentos na região de Gordon Bay? E eu não falo sobre assassinatos, brigas de gangues ou outras situações corriqueiras da região...

A cientista observava a reação de Capris enquanto aguarda a resposta.

*Ela pensa um pouco*

-Tirando o de sempre? Creio que não... ando meio atarefada com a faculdade, e Gordon Bay não costuma me ser de muito interesse... O que há lá?

Capris:
O seu celular vibra no bolso, alerta discreto de uma mensagem chegando. Você contorna uma rua na orla do mar, indo para a divisa dos bairros onde fica o seu apartamento, logo após a primeira trincheira do condomínio gigante.

Katherine:
O celular dela vibra no bolso, e você se mantém discreta fingindo não notar.

Spoiler:

*Capris pega o celular, não tendo problemas em dirigir com uma só mão, tomando o cuidado de ler a mensagem aos poucos pra não perder atenção no volante. Então ela sorri, um sorriso meigo, diferente do que Katherine já viu até agora. Então guarda o celular, olhando pra cientista*

-Meu irmão está convidando nós duas pra jantar, num restaurante perto de onde moro. Que tal?

Katherine fica em silêncio por alguns segundos, mas antes de ter a chance de responder, percebe a vibração do celular. Mesmo atenta à mensagem de texto, não vê necessidade de desrespeitar a privacidade da outra moça e volta os olhos para a janela do carro.

- Será um prazer acompanhá-los. - ela curva um dos cantos da boca em um meio sorriso, agradecida.

Com todos os preparativos finais, seguidos pela própria viagem, Katherine há muito tempo não tinha uma refeição de verdade e seu corpo já começava a reclamar do excesso de café que a moça consumia quase que exclusivamente no último mês.

-Perfetto!

*Ela segue em direção à casa dela, pra deixarem as malas, enquanto tenta lembrar que restaurante pode ser por ali...*

Ela toma um banho rápido e veste algo mais informal, um jeans com blusa de gola alta e uma sapatilha delicada. Sem as roupas pesadas de viagem, a cientista esguia de olhos frios seria confundida facilmente por uma jovem modelo, buscando oportunidades de trabalho numa grande metrópole. Depois de prender os cabelos num rabo de cavalo frouxo, ela pega a bolsa, pronta para sair.