Dia 06/03/00 - Brian

Brian:

É uma segunda-feira comum e desanimada, algo um tanto normal pros padrões das segundas-feiras. A semana só começa a esquentar nas quintas, e por ora o pessoal se dedica a tocar a vidinha de sempre. Você se concentra pra andar calmamente entre as sessões de comida congelada, e ajunta uma boa quantidade dos produtos contra o peito. Um carrinho ou cesta poderia ajudar, mas atravessar todo o mercado naquele ritmo não valeria o esforço.

O atendente pega as notas surradas e conta, desinteressado. As poucas moedas do troco não encontram destino e voltam pro bolso dele. Talvez até ajudem a incriminá-lo quando notarem a falta de alguns dólares no caixa.

Você passa pela porta, as notas amassadas de volta no bolso. O tempo está cinza e chove fino, e a maioria das pessoas parece ignorar o fato. Você anda pelos quarteirões num passo normal, apressado somente pra outros observadores. 10 longos minutos e está abrindo a porta de casa.


O apartamento continua lá, com suas paredes descascadas e pontos de energia elétrica expostos. Na poltrona, um punk coberto por bolsas de gelo descansa, rindo de tempos em tempos. O dinheiro do rango está intimamente ligado às risadas, e você se permite um sorriso lembrando da última luta. 5 metros de queda livre e uma vitória histórica, mereceria uma foto se alguém tivesse uma câmera.

Na mesinha, as cartas da última partida descansam. O 3 de ouros que te fez atravessar dois bairros pra conseguir comida continua lá, a aura de confiança momentânea ainda presente mesmo depois da derrota. E ainda tem um pedaço de pizza, que não é mais problema enquanto você passa.

O corredor e a porta do quarto abertas revelam só uma silhueta, lendo uma lista telefônica. Talvez seja hora de comprar algum livro de verdade, mas isso é assunto pro natal.

Você sente um puxão, e a sacola de compras parece querer se despreender. A voz baixa e ligeiramente rouca acaba de denunciar o quanto a situação é óbvia.

- Acho que você esqueceu a minha salada congelada e o sunday... - O tom é sério e zombeteiro ao mesmo tempo, sabe deus como.

Mesma piada de sempre feita, a menina vai pra cozinha pra esquentar parte da comida, passos demorando. A mesma guarda alta pra te mandar a merda ao menor sinal do adjetivo favorito das garotas.

O horário da comida é popular, e um vulto pontual entra pela janela, sem te notar. Mas é justificável, dá pra ouvir a música dos fones no outro lado da sala.



Enfim, mais um dia normal e feliz dos crossbones...

-Olá… princesa! – Brian responde sem nunca deixar de se divertir com a reação de Elise. Antes que ela dê sua resposta de sempre, entretanto, ele continua – Ah, vai me dizer que você ainda continua comendo essa coisa verde e sem gosto? Se você quiser, eu vou lá buscar e volto... em um piscar de olhos – Ele sorri, obviamente se gabando.

Novamente sem esperar pela resposta da Elise (paciência nunca foi uma virtude do Brian), ele se move para trás dela, tapando seus olhos com as mãos. Ele diz, então:

-Conte até um...

Ele se desloca até a porta da rua, mas apenas abre ela, dando meia volta e pegando dentro do saco de compras o pacote plástico com a salada e o sundae. Então, ele volta para trás de Elise, voltando a tapar por um breve momento seus olhos (como se nunca tivesse saído de lá, apesar de todo deslocamento de ar que qualquer um presente percebeu nitidamente) e entrega para ela o seu pedido.

-Desculpa a demora... sabe como é... engarrafamento!

Rolagens:

1- Brian - Bluff (Sem bônus de atractive nesse caso, mas com destreza no lugar de carisma) - 4
2- Elise - Sense Motive - 17

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Elise segura um grito no momento em que você tampa os olhos dela, e antes que possa reclamar, você já fez o truque da porta e voltou. Ela segura o pacote meio incrédula, e se afasta, virando-se pra te encarar. Seja do que for que ela ia te xingar pelo "princesa", parece que engoliu com o susto. A voz rouca até parece um pouco mais viva, e o rosto pálido dela fica bonito um pouco mais corado.

- Isso era uma brincadeira, seu imbecil... - Ela corre os olhos pela porta atrás de você - E eu sei que nem você é burro desse tanto... - Ela abraça as compras e se vira na direção da cozinha, sumindo (for real xD). A mesma menção de te acertar com algum dos itens da sacola, mas além de ser um desperdicio, as chances de sucesso são ínfimas.

Twister passa por vocês, indo ajudar com a comida. Da poltrona, você ouve o punk, resmungando depois de cuspir um pouco de sangue.

- Porra, quem eu tenho que quebrar pra ter sossego por aqui? - A reclamação soa bem estranha, misturada na risada meio doentia de Napalm - Ôh franguinho, duvido que você consegue buscar aquela cerveja ali em menos de um segundo, quer tentar?

Brian sorri, triunfante. Sorri, pois sabe o quanto a brincadeira mexeu com a garota. Com certeza, ele não perdeu o jeito com as mulheres. O jeito de provocá-las, é claro.

Napalm, entretanto, também sabe provocar. Contudo, o bom humor de Brian hoje resulta em uma provocação meramente ignorada. Brian respeita o mutante a ponto de deixar essa passar... mas ele que não se acostume com isso!

Logo chega a noite, e o apartamento cai na mesmice de sempre. Elise vai pra seja lá onde ela costuma dormir, ficando invisível logo ao primeiro sinal e sem mais convites de carona ou escolta pra recusar, depois de 5 meses fazendo isso sozinha. Napalm joga algumas das bolsas de gelo pra longe, ficando sentado no sofá e rindo. Mais algumas horas e ele vai estar novo, como sempre. Ele se levanta, claramente desrespeitando os limites do próprio corpo, e vai buscar a cerveja. Você não se importa muito, já que dificilmente ele vai conseguir se causar algum dano irreversível.

- E sunday, eu posso pedir também? - O punk diz, virando a lata de cerveja e jogando uma pra você - É franguinho, tô de olho, háhá... ah, merda! - Ele leva a mão ao ombro deslocado, e o puxa fazendo um estalo. - Melhor... Bom, hora dos machos dessa casa jogarem poker, enquanto o Twister lava a louça né?

O japonês no canto continua indiferente, os timpanos pulando no ritmo da musica no walkman. Um lata amassada de cerveja há alguma distância chama a atenção dele, deixando óbvio que a mira do Napalm não é das melhores com um dos braços quase virado ao contrário e sendo usado.

- Bom, temos coisas pra discutir sobre a gangue. Eu vou passar os nomes e falamos disso durante o jogo, tem nego enchendo o saco denovo de olho no prédio.

Não que o lugar seja dos melhores, mas um prédio abandonado próximo ao trabalho e com todo tipo de instalação ilegal pra ter água e eletricidade em um dos apartamentos soa bom demais pra deixar na mão de outros. E quebrar gente que ignora os crossbones sempre é mais divertido que poker.

- Mas por hoje vamos ficar só de blábláblá, se o amarelinho não tivesse deixado um dos caras da toca fugir, eu não ia precisar brincar de bala humana e podiamos estar limpando desde já...

- O grande Napalm reclamando de se machucar? - A voz zombeteira do Tinteiro, enquanto coloca as cartas na mesa e leva o round.

- Lógico que não, o pulo foi do caralho - A risada doentia continua, claramente doendo pra sair. A noite passa com carteado e discussões de território, e logo o quinto membro se junta à mesa, o olhar cadaverico fazendo todos pararem.


-Temos visitas... - A morbidez de Neff chega a ser estranha comparada com o resto do grupo, sobretudo Napalm tentando se firmar em pé após ouvir isso.

-E sunday, eu posso pedir também?

Brian apenas olha para Napalm. Quando ele lhe joga a lata de cerveja, Brian não tem dificuldades em pegá-la, ainda que a mira do punk esteja ruim por conta de seus ferimentos. Parece que Briandaria um ótimo goleiro de reserva.

-É franguinho, tô de olho, háhá...

-Que foi... ciuminho, “princeso”? – diz Brian, provocativo.

-...ah, merda! - Napalm leva a mão ao ombro deslocado, e o puxa fazendo um estalo, abortando as provocações antes do esperado - Melhor... Bom, hora dos machos dessa casa jogarem poker, enquanto o Twister lava a louça né?


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- Temos visitas... – A morbidez de Neff chega a ser estranha comparada com o resto do grupo, sobretudo Napalm tentando se firmar em pé após ouvir isso.

-É, parece que vamos ter alguma ação hoje, afinal de contas – Brian sorri, morbidamente, enquanto abaixa a máscara sobre seu rosto e dispara na direção indicada por Neff, obviamente querendo ser o primeiro a arrancar um pedaço fora do intruso.

Conhecedores do tipo de líder que tem, Neff e Tinteiro param por um segundo, como se não estivessem em contato direto com seus respectivos corpos.

- Ele é diferente dos outros... Mas ainda assim pode ser um problema... - O homem mórbido fala, devagar o suficiente pra quase ser levantado do chão por você para catalizar a retirada de informações.

- Ok Brian... O penúltimo andar, 12 lances de escada e você está lá... ele entrou no apartamento 1502, parece que está procurando algo por...

Você não ouve o que que quer que o Tinteiro tenha pra acabar de dizer, os lances de escada passando por você a uma velocidade absurda. Você freia no corredor do 1502 e para diante da porta, vendo ele se virar por conta do barulho que começou lá embaixo. Ele o olha com um certo terror no olhar, e mergulha um pouco mais nas sombras, possivelmente assumindo uma posição defensiva.

O local é pouco iluminado e tudo que você pode ver é uma silhueta.
Você imagina o efeito que a pouca luz que entra pelas frestas das janelas lacradas com madeira fez sobre a máscara do 13.


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