Dia 14/03/00 - Capris

Capris

A professora olhou o relógio, e se desculpou com as pessoas da sala pelo atraso em encerrar a aula. Logo todos pegam livros e saem.

Conversas fúteis correm pelo corredor, enquanto os alunos se dirigem para todas as direções. Alguns vão para o refeitório, outros para salas diferentes e alguns simplesmente embora. É interessante ter só uma aula no período da manhã. A magia das terças-feiras, que não se estraga nem com o tempo cinza.

Rostos conhecidos passam pelo corredor, despercebidos. Um ex parece envergar mais o peito ao cruzar o caminho das meninas despreocupadas da turma de Artes. Alguns outros homens imitam o ato durante o caminho, cada um a sua maneira, e provavelmente de forma inconsciente. Um assunto mais interessante que o teste da semana que vem seria bem mais útil agora.

Mas logo eles não são mais objeto de atenção. O tipo de homem que realmente consegue atrair uma mulher está ali, fora da faculdade. Você jamais deixaria de reparar em um sujeito com esse porte e esse carisma. Talvez até conseguisse, se ele não estivesse sentado dentro do seu carro, com a porta aberta e falando ao celular tranquilamente. Uma pequena corrida e você pode chegar lá calma depois de confirmar quem é o sujeito. Cabelo bem cortado, barba feita e terno usado o suficiente para manter o charme e parecer casual.

- Ok... ciao, vediamoci presto! - Ele desliga o celular calmamente e te olha, o carro já ligado. - Uma bela manhã pra você Capris. Se incomoda de ter um motorista por hoje?

Ele sorri ao vê-la e larga um último comentário: - Nas festas de 15 anos você não se incomodava de ter um motorista. Vamos dar uma volta...

*Capris entra no carro, pulando abraçando o irmão e dando-lhe um beijo na bochecha bem perto dos lábios, brincando de provocá-lo como sempre faz desde que tomou consciência dos próprios peitos.*
-Buon giorno, fratello! Qual é a ocasião célebre para me buscar? *Ri*

Ele desliga o carro naturalmente e te pede as chaves do mesmo. O tipo de ostentação que só a irmãzinha mais nova vê partindo de Marco. Mexendo um pouco no cd player do carro, logo uma música leve toca e ambos estão andando calmamente pela rua. A direção pode ser a sua casa, o escritório ou qualquer outro lugar que Marco deseje. Caminhos alternativos que você nunca cogitou estão entre a gama de especialidades dele.

- O papai me pediu para levá-la a um escritório a 1 hora e meia daqui... acho que vamos poder colocar o assunto em dia até lá. - Ele não se incomoda de informar o motivo, acabando a frase em um italiano bonito, do tipo que você gostaria de ouvir com mais frequência. Falar em italiano significa somente uma coisa... O devaneio é interrompido, em inglês.

- Mas por sorte sua eu me adiantei, onde vai querer almoçar antes de ir? - A mudança de língua soa ao mesmo tempo natural e triste, com as palavras adquirindo um tom comum rápido demais. - Ir comendo no carro seria um desperdício, não é mesmo? - Ele completa a frase, parando em um sinal e sorrindo.

*Ela fala em italiano ao entregar as chaves, estapeando a própria testa*

-Olha lá o que você faz com meu bebê... Peste!

*Ela ri... e continua em italiano. Ela prefere o italiano. Tem sabor de lar.*

-Quanto ao almoço... Me surpreenda com algo bom pra variar, sim? *Rindo, se referindo novamente ao próprio carro, do qual ela tem mesmo muito ciúme*

-E isso de escritório? Babbo não costuma me colocar pra fazer serviços pra famiglia...

- Interessante isso vindo de alguém que elogiou fast-food e não conseguiu terminar a última lagosta... Bom, prefere restaurante ou hamburguer? - Ele fala calmamente, guiando o carro com leveza. Logo passa de volta para o Italiano, de forma metódica. - Ao que parece não é um serviço normal. A probabilidade de você não precisar dos seus brinquedos é bem alta, aliás.

O carro desliza pela pista, sob a direção ao mesmo tempo despreocupada e cautelosa. Ele volta a falar, olhando para a chuva fina que começa a se formar.

- Acho que o velho não conseguiu achar nenhum gangster truculento mais simpático que você para cuidar disso ;)

-Restaurante. E me desculpe por não aceitar comer lagosta velha, meu irmãozinho... *Ela ri, olhando pela janela do carro. Ao ouvir o resto do que ele diz, ela volta a olhar pra ele*

-Aaah... então ele precisa do rostinho que me rendeu a adoção pra início de conversa? *Ela ri, depois pára, pensa e suspira.*

Vocês seguem de carro por mais uns 40 minutos na rodovia, conversando de futilidades do dia a dia. Já fora dos limites da cidade, ele para em um restaurante de beira de estrada, possivelmente construido ali exatamente pra ser um ponto de parada de viajantes. O local é bonito, com árvores e vista para o mar ao fundo, e te parece totalmente novo.

- Eles tem comida boa até para o seu gosto apurado, irmãzinha. Seria um bom ambiente para treinar italiano, não fossem as pessoas que não conhecemos a volta, não é? - A voz é tão macia quanto o desligar do carro. Extendendo as chaves para você ele continua, em inglês - Vamos, você já deve estar com fome a essas horas.

Vocês saem do carro e andam pelo local, em uma pequena estradinha de pedras. Parece ser um sítio bem cuidado, e ao fundo você vê alguns animais e plantações. Boa parte da comida deve vir daqui mesmo. O ambiente bucólico contrasta com a vista do mar e da cidade grande ao fundo, mas de maneira alguma isso o faz desagradável.


Vocês entram no restaurante, tocando a sineta acoplada à porta. O único atendente do local olha um tanto surpreso, e preguiçosamente se levanta da cadeira para lhes indicar uma mesa. No lugar você pode contar os clientes nos dedos de uma mão. Dois homens de meia-idade em uma mesa ao fundo conversando, uma garota com uma mecha ruiva e roupas um tanto surradas tomando algo quente no balcão e uma mulher olhando pela janela próxima às mesas. O atendente lhes indica uma mesa em um dos cantos do local, e andando até ela vocês passam por mais um cliente, um homem aparentemente novo lendo um jornal despreocupadamente. Vocês se sentam, e ele pede que o avisem quando se decidirem, os cardápios já sobre a mesa.

Passando os olhos pelos cardápios, tem muitas opções de salgados, sucos e produtos do campo, mesmo em uma área relativamente próxima da cidade. Alguns pratos feitos também, e a indicação de comida a quilo te faz notar a falta de algum local para servirem-se.

- Parece que eles não colocam a comida aqui nesse período. Quando as férias acabam não aparecem muitos clientes pelo visto... Vou conversar com o gerente, papai sempre parava aqui e tenho certeza que ele ainda me reconhece. Com a sua licensa, irmãzinha. - Você tem o impulso de dar um sorriso ouvindo isso. Marco fica realmente estranho falando "Papai" no lugar de "Babbo".

Enquanto ele anda despreocupado até o balcão, você pode novamente olhar o local, agora tendo vista somente para o homem do jornal e a mulher na janela. Lá fora, você vê duas crianças em um balanço ligeiramente enferrujado, indiferentes à garoa fina que cai. Talvez os filhos dela, talvez de alguma outra pessoa que o seu ângulo de visão bloqueia. Mas você se lembra de alguma cena em um balanço que não sabia onde era. Talvez você já tenha vindo aqui anos atrás. De qualquer forma, é uma lembrança gostosa de tempos bem menos preocupados.

*Capris sorri, observando as crianças. Há muito ela própria deixou de ter a inocência de uma criança, mas muito provavelmente ainda há muita coisa infantil dentro dela. Ela apenas... canaliza isso de um jeito muito muito macabro.

Ela espera pelo irmão, irritada pelo falatório em inglês. Marco é a imagem do homem italiano, belo e carismático, o inglês soa terrivelmente vulgar vindo dos lábios dele. Novamente, um sorriso nos lábios. É Marco, se você não fosse meu irmão...

Então um pensamento a faz erguer uma sombrancelha. Suspira.

Se não fosse meu irmão, ia continuar não adiantando nada.*

Alguns minutos se passam e logo Marco retorna com um cardápio bem menos profissional do que o que está sobre a mesa. Ele o coloca à sua frente, sentando-se.

- Pode pedir qualquer coisa ai e eles vão preparar e servir, irmãzinha. Normalmente a maioria é para clientes que vem nas férias, mas como eu estou te devendo um almoço descente não acho que torcer as regras vá nos matar. - Ele se espreguiça um pouco na cadeira, e olha para você esperando alguma resposta.



Decidido o que vão comer, vocês almoçam, o falatório comum de sempre. Algumas perguntas bem colocadas sobre como vão as coisas na faculdade soam injustas quando você não pode perguntar nem o tipo de terno que ele usou no trabalho da semana passada, e notando isso ele logo passa a evitar o assunto. Com o prato limpo e esperando o café, ele sugere:

- Babbo já passou aqui algumas vezes com você, e diz que era difícil te separar daquele balanço lá fora. Pessoalmente, eu acho que foi um dos motivos de pararmos aqui as vezes. O velho é uma criatura de hábitos, por mais que eu diga pra ele o quanto isso pode ser letal.

Ele fica alguns instantes quieto após dizer isso e emenda, despreocupado:

- Mas acho que passar aqui antes de assuntos corriqueiros não é um problema. E enquanto ele não implicar com os cigarros eu não posso falar de maus hábitos... - Ele pega um dos chicletes de nicotina no bolso e mastiga - Por mais que eu saiba quando parar os meus.


Claramente o restaurante não é o foco aqui. Marco sempre implicou com muitos dos hábitos do "velho" em assuntos onde isso realmente pode ser prejudicial, e a parada semestral em um lugar agradável nem de longe se assemelha as hábitos realmente perigosos. A sineta da porta toca no meio tempo da conversa, indicando que alguém passou por ali. Poucos minutos antes de se levantarem, o homem na mesa mais próxima dobra o jornal e sai.


- Vai querer alguns empurrões no balanço ou podemos ir? Ainda temos mais 15 minutos pela minha agenda. - Ele diz isso despreocupado, sem sequer simular uma olhada para o relógio.


[Off: Quem raios é Raisa? xD]

*Capris faz que sim quando ele menciona largar o cigarro*
-Faz bem... Aquilo fede e é nojento, e você não ficaria bem de dentes amarelos.

*Quanto ao balanço, ela apenas ri. Observa a saída do homem do jornal, tendo a certeza de ver a cara dele agora que não há mais jornal na frente - às vezes ela fica meio paranóica.*

-Quinze minutos? Bem... sei lá. Mas eu brinco é de outras coisas, fratello. *ri*


((MERDE! XD Raisa é de outro fórum, confundi. Vou editar.))

Você vê o rosto do homem de relance, enquanto ele vira a "esquina" de dentro do restaurante para ir pagar. Um rosto comum, sem nenhum detalhe que chame muito a atenção.

- Capris? - Marco olha na direção onde o homem estava, estranhando você não ter respondido. - Não em 15 minutos, se gostar de brincar do jeito certo... - Ele sorri, se levantando e a esperando para ir até a saída. Vocês passam pelas mesmas figuras de antes - tinha alguém a mais no balcão, mas quem se importa? - e Marco deixa a carta da conta com o atendente, com notas por dentro. Antes que ele possa começar a calcular o troco, vocês já estão passando pela porta.


Na porta do carro, ele para, esperando a sua decisão quanto ao motorista. Marco sabe o caminho melhor, mas não seria problema ele te guiar, talvez em italiano. Nesse meio tempo ele passa o braço pelos seus ombros, e aperta sua cabeça contra o queixo, parado do seu lado:

- Já cuidando de negócios... Você está crescendo rápido em... - O braço é firme mas gentil, e desce pelo seu braço enquanto se solta, ficando exatamente na linha que separa um toque inocente do tipo de caricia que vocês adotam no joguinho de sempre.


Mais meia hora de estrada e vocês estão nas portas de uma das Mansões dos Franchetti. Uma casa grande dentro de um sitio, com poucos empregados e uma bela varanda. Você se lembra vagamente de correr pelos gramados quando pequena, e ao fundo nota um dos empregados que te viu crescer, James. Ele está tomando algo na varanda, e vendo o carro inconfundível se aproximando, deposita a xícara na mesa e bate a poeira das roupas para recebê-los, caminhando calmamente até o carro, o jeito ereto e os passos firmes contrastando com sua posição de caseiro.

((off: Franchetti, creio. Estacado é o sobrenome do pai biológico da Capris... Franchetti é o nome da famiglia))

*Capris escuta. Ri alto sobre os quinze minutos, e faz gestos teatralmente de decepção e raiva, brincando"
-Por que, OH POR QUE você tinha que ser meu irmão?
*Ela ri alto, brincalhona. Deixa que ele continue dirigindo - mais simples assim.*

-Vinte e um anos, fratello. Você já cuidava de negócios com bem menos idade.
*Sorri, se aninhando no abraço. Ao notar a "sutileza" de onde o braço dele foi, ela vê se não há ninguém olhando e estapeia a bunda dele, rindo*
-Vamos, pare de me provocar agora... Babbo teria uma parada cardíaca com os resultados disso!


*Ri novamente, entrando no carro. Ao chegar, ela cumprimenta James, simpática e amigável com ele. E então fita o irmão, com cara de interrogatório. Ela AINDA não sabe o que veio fazer aqui.*

Marco não se assusta muito com o tapa, abrindo a porta do carro para você logo após como se nada tivesse acontecido. Vocês vão conversando de futilidades durante o meio tempo na estrada, e logo estão na porta da mansão. James olha vocês pela janela aberta do seu lado do carro, em pé ao lado dela sem tocá-la.

- Olá senhorita Capris, há muito não somos agraciados com a sua presença. - Ele diz, a voz cordial e firme, enquanto abre a porta para você - Eu vou te acompanhar até a sala de conferências. E o seu quarto já está pronto, Marco.

Marco sorri, diante do seu olhar interrogativo. Ele dá de ombros, te entregando as chaves. - Bem, James vai levá-la até Babbo em minutos. Vejo você mais tarde, Cap - Parando pra reparar agora, a expressão dele parece ligeiramente abatida, e você se lembra do seu irmão ter um fuso-horário bem diferente do seu, por conta do trabalho. Possívelmente ele já estava com algum sono desde que se encontraram, mas não deixou nada transparecer até agora. - Ciao - Ele diz, descendo dois dedos da sua bochecha até o queixo.

Após despedir-se de Marco, você segue James até pelo gramado, e pelos corredores da mansão. Ele evita iniciar qualquer assunto, com a discrição que o fez ser um dos empregados favoritos de muitos que vem fazer negócios ali. Diante de uma sala imponente, ele para, anunciando a sua presença. Da cadeira de couro, você vê um dos homens mais importantes do continente tirar os olhos de um documento e assumir uma expressão feliz e acolhedora ao te ver.

-Durma bem, meu irmão. *Sorri, tocando a mão que a acaricia docemente.*

*Ela segue James, também em silêncio, mas prestando atenção em tudo. Observa o caminho, os detalhes, a decoração. Ao ser anunciada, ela meneia a cabeça em agradecimento a James, olhando pra dentro da sala. Se apenas babbo está ali, ela corre e o abraça*

James responde ao meneio de cabeça e se recolhe, sem fazer barulho e fechando a porta. Na cadeira, o seu pai retribui o abraço, afastando-a um pouco para depositar um beijo nas suas bochechas rosadas. Diferente de Marco, ele não exita em usar o italiano durante todo o tempo, ciente do quanto você prefere essa língua.

- Como você está, minha princesa? Você e Marco chegaram bem? - Ele parece visivelmente feliz em te ver, e se desenrola em perguntas e assuntos sobre o seu dia-a-dia, como se alheio da missão, aumentando ainda mais a sua curiosidade. Depois de alguns minutos matando as saudades, ele inicia a parte da conversa que te trouxe ali.

- Bem, acho que o Marco já comentou com você o porquê dessa visita no meio da semana, não é? - Ele diz, procurando um documento nas gavetas e colocando sobre a mesa, ao lado do monitor moderno de 19 polegadas. - Um amigo me telefonou há algumas semanas, e parece que um contratante precisa de serviços adequados ao seu perfil. Um trabalho social e limpo, com armas indo junto só por garantia. - Ele diz, abrindo a pasta e colocando os papéis sobre a mesa - Ao que parece, você vai ser a escolta de uma jovem adorável, e guiar ela nos períodos em que ela estiver na cidade. Ele precisa de gente que não conheça as pessoas envolvidas nisso, e com você em campo eu posso ter certeza do sucesso da missão sem envolver o nome da famiglia, são assuntos pessoais dessa vez...

Ele abre o pacote por fim, retirando com cuidado algumas das fotos e documentos da missão e depositando-os gentilmente sobre a mesa. Você pega um dos dossies, bastante incompleto e somente com informações superficiais. Nele você vê a foto de uma mulher magra, de cabelos pretos e lisos, com olhos verdes convictos por trás de um óculos com lentes grossas e redondas, contrastando com seus traços finos. O nome ao lado da foto parece carregar poder por si só, com uma série de sobrenomes brigando por espaço.

Katherine Alexandovitch Duchovny Alianovna Vom Romanov, conceituada cientista russa que chegará aos EUA no fim da próxima semana.

-Quer que eu... sirva de babá? *Ela segura pra não estapear a própria testa* -Ah, babbo, você sabe como é minha paciência com outras mulheres... Se ela vier com frescura... *Faz um gesto imitando um revólver na própria cabeça*

*Capris olha pra ele, e suspira* -Eu não posso te negar nada...

*Ela olha pra papelada, erguendo uma sombrancelha* -Como se PRONUNCIA esse nome? Quanto nome. Prefiro meus dois. *Capris já tinha um pouco de orgulho de "Estacado" antes que sua própria mente lhe contasse das origens dele, imagina depois. De "Franchetti"... ela tem MUITO orgulho.*

-Eu faço, babbo, por ti. Mas vou ter que me segurar pra não fazer cara feia pra ela. *Capris ri, deixando de lado o "preconceito". A mulher é uma cientista, afinal. Ao menos cérebro tem.*

Ele sorri, especialmente feliz por você ter aceito a proposta por conta do pedido pessoal em vez do trabalho em si.

- Ela deve ser rígida, cientistas não costumam ter frescuras, Cap. E não sabemos o que ela veio fuçar por aqui, então eu não recomendo entrar na missão com a mentalidade de "babá". - Ele diz, o tom feliz ficando sério - Eu aceitei a recomendação de te contratar para isso porque confio em você e nas suas habilidades, então não quero que você volte machucada por ter subestimado a missão, entende?

Ele para, esperando que você avalie com cuidado o conselho, e servindo-se de um dedo de bebida. Sequer faz menção a te oferecer, não por falta de educação, mas parece que na cabeça do seu velho Babbo você ainda é nova demais para esses hábitos, possivelmente sempre será.

- Seja o que for que ela quer, atravessar meio mundo por isso e dispender uma quantia considerável para te contratar por tempo integral no tempo de estadia aqui deve justificar algo grande. Por insistência minha você poderá carregar a maleta de armas na missão, eu não quero minha menina por ai desprotegida. Então, preciso que você encare a missão com a mesma seriedade, e seja cortês com ela no meio tempo. Ela contratou uma Franchetti afinal, não um motorista truculento.


Ele vira a bebida em um gole, depositando o copo sobre a mesa e limpando a boca com um guardanapo. Resolvido o assunto da missão, assume novamente o ar paternal. Não passa do italiano para o inglês como Marco faz, mas a mudança no tom quase faria parecer que é uma outra lingua, para um leigo.

- Ainda tenho o resto da tarde livre, vim aqui cuidar só deste negócio por hoje. O que acha de cavalgar um pouco? Quero ouvir como estão as coisas na sua faculdade.

*Capris suspira aliviada por não ter que servir de babá. De fato, Babbo com certeza não cobrou barato, e uma patricinha mimada qualquer não contrataria a máfia como proteção... contrataria? Mas ela ri alto com isso de "motorista truculento"*

-Eu me viro bem quando dá problema... Mas creio que ainda assim tenha estilo. *Ela coloca as mãos na cintura, fazendo pose por brincadeira e rindo. Mas quando ele menciona as armas, Capris leva a mão por reflexo até a machinepistol, seu brinquedinho favorito, muito bem escondida debaixo de roupas*

-Cavalgar? Adoraria! Mas não tem muita coisa de interessante na faculdade... não comparado com nosso dia a dia, papai. *Ela ri*

- Tudo que tem ligação com você é interessante, minha querida. - Ele diz, te dando um beijo na testa e abrindo a porta para irem ao estábulo. Você passa uma tarde agradável com o seu pai, conversando livre de complicações e trabalhos, somente alguns ligados a faculdade que ele não faz o mínimo esforço em disfarçar que não entende.

Mais pra noite, você tem a opção de continuar pelo sítio ou voltar para casa. Recebe uma fileira de documentos que contêm explicações para todas as dispensas do mês seguinte e trabalhos que você pode fazer pra compensar o tempo trabalhando fora, antes ou depois das missões. Os documentos da missão, escassos, também estão ali, a foto da cientista exposta e pouquissimos detalhes sobre o que ela quer aqui. Ao que parece, ela está a procura de algo e vai precisar de uma guia competente pela cidade, para proteger suas costas, ajudar em partes da procura que possam requerir um toque pessoal e dirigir, já que a carteira dela não tem validade nos EUA. Mesmo sem ter certeza se consegue arcar com tudo isso, você se anima um pouco. É uma chance de provar pro seu pai que você tem calibre para qualquer missão que ele consiga.


O dia acaba, e começa a sua semana livre de preparações.

*Capris dá um jeito de decorar as informações da missão. Vai dormir, ali mesmo pra variar um pouco, já que já está ali e adora a companhia do pai. Pela manhã vê se Marco ainda está ali, pra pegar no pé dele*

[Descreva como a Capris passou a semana. No sítio, adiantando trabalhos com a permissão especial, procurando informações sobre algo da missão, ou o que você quizer detalhar. ]

*Capris cavalga com o pai sempre que tem oportunidade, e passa tempo com Marco sempre que ele está folgado. Ela sempre foi mais do estilo família do que amigos, e não perderia a oportunidade. Quando os dois estão ocupados, ela aproveita pra mexer com trabalhos de facul - artes visuais sempre demoram tanto - e pra pesquisar sobre a cientista que terá que proteger, afinal, não quer passar por uma retardada. Aproveita também e vai ao centro, escolher alguns trajes... Capris é bastante estilosa, mas não costuma ter paciência pra ir às compras sempre, mas quer estar perfeita durante a missão: roupas que exibam profissionalismo e confiança, de preferência, e que permitam esconder seus brinquedos, ao menos alguns deles, já que nem sempre dá tempo de tirar tudo da maleta.*

Você passa uma semana agradável, dividida entre a companhia do seu pai e irmão e os trabalhos, feitos no próprio sítio. Lendo mais detalhes da missão, você pode saber mais um pouco sobre a cientista. Ela possui pós-doutorado em Mecatrônica e todo tipo de curso e especialização próxima a área que você pode ver, com muitos complementares de computação avançada. A foto deve ser bem desatualizada, conseguir todos esses títulos deve ter custado no mínimo 40 anos de estudos intensos. Incapaz de reconhecer ela, que possivelmente é distante demais da sociedade para ter fotos no próprio dossie, você decide fazer uma plaquinha para o aeroporto.

O dia de compras no centro também é agradável, sobretudo com a surpresa do seu Babbo ter dispensado Marco de uma missão minutos antes da sua partida e você ganhar um acompanhante para carregar coisas e esperar indefinidamente enquanto os números do seu cartão despencam vertigiosamente (Aliás, os do dele, mais um ponto pro Babbo ;D)

Sabendo que ela irá se hospedar no seu apartamento, você acaba passando o último dia nele, para dar os últimos retoques pessoais no local e conferir o se os serviços de limpeza e arrumação foram bem feitos. E logicamente, guardar suficientemente bem qualquer coisa na casa em que ela não deveria tropeçar.

Todos os preparativos concluidos, você termina o seu café da manhã e vai para o carro, dirigindo até o aeroporto.
Meia hora depois, você confere o número do avião apontado enquanto ele toca gentilmente a pista de pouso, enquanto seus passos calmos se voltam para o setor de desembarque.


[Se quizer, pode fazer qualquer post isolado sobre a última semana e o tempo antes do pouso neste post. Próximos posts serão feitos Aqui]